Professor avalia pela impressão digital as diferenças entre brasileiros e espanhóis

É a primeira vez na história da dermatoglifia, desde 1961, que um trabalho observa duas populações diferentes, uma mestiça, o Brasil, e outra de forte característica ibérica, a Espanha. Por meio da dermatoglifia, um método de análise das impressões digitais como marcas genéticas e de desenvolvimento fetal, a pesquisa avaliou 418 indivíduos, sendo 163 masculinos e 46 femininos de cada país. A partir dessa comparação, concluiu-se que as características físicas e antropométricas são distintas, em virtude da alta miscigenação brasileira.

O projeto é fruto de uma instância do pós-doutorado realizado na Universidade Católica de Múrcia (UCAM), na Espanha, pelo professor do mestrado em Biociências e Saúde e do curso de Educação Física da Unoesc Joaçaba, doutor Rudy José Nodari Júnior. Além da receptividade da universidade espanhola, a pesquisa contou com a participação de dois doutores da UCAM, Pablo Jorge Marcos Pardo e Alejandro Martínez Rodríguez, que ofereceram o suporte necessário para o desenvolvimento do estudo.

A professora do curso de Educação Física da Unoesc Joaçaba, Gracielle Fin, e a colaboradora da instituição, Josiane Aparecida de Jesus, formada em Educação Física – Licenciatura na Unoesc Joaçaba e que está cursando Bacharelado em Videira, são coautoras do projeto e auxiliaram na escrita do artigo.

— Participar desse projeto permitiu a minha qualificação na escrita, bem como um conhecimento mais amplo a partir dessa pesquisa realizada fora do país. Isto me qualifica enquanto profissional de Educação Física e gera mais experiência na área científica — destaca Josiane.

As amostras eram de jovens adultos entre 18 e 32 anos e foram realizadas em junho de 2015. O professor coletou as impressões digitais em Múrcia, na Espanha, e no Brasil, na região de Joaçaba, Herval d’Oeste e Luzerna. Segundo o doutor Rudy, comparou-se brasileiros e espanhóis aparentemente saudáveis, sem diagnóstico de doença.

— Quanto mais nós fazemos pesquisas com brasileiros, mais percebemos a miscigenação. Nós brasileiros, por mais que tenhamos uma certa descendência europeia, em nossa região, principalmente de italianos e alemães, nós não nos identificamos como europeus. Nós temos tanto miscigenação, negra, caucasiana, asiática, que os brasileiros são brasileiros — afirma.

Os pesquisadores concluíram, também, que as características físicas e antropométricas, e o perfil genético dos indivíduos não podem ser comparados. A comparação tem que ser entre brasileiros. Povos de diferentes raças e etnias apresentam diferença entre as marcas, no método dermatoglífico.

O projeto “Perfil dermatoglífico de homens e mulheres espanhóis e sulbrasileiros” contou com recursos financeiros do Fundo de Apoio à Pesquisa (Fape) da Unoesc. Neste momento, o artigo está passando pelas correções finais, para depois ser traduzido e publicado em português e espanhol. De acordo com o professor Rudy, sem o Fape não existiria a possibilidade do projeto acontecer. O Fundo contribuiu com 30% dos custos da viagem à Europa, para que a coleta fosse realizada na Espanha.

— Visto que nós temos, hoje, no Brasil, uma baixa oferta de editais de financiamento de pesquisa, frente a gigantesca demanda por ciência, o Fape é condição fundamental para que os cientistas da Unoesc tenham condições de pesquisa — finaliza Rudy.